segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Escolhas, opções e tentações

Conversar com quem a gente concorda é uma delícia porque o papo flui fácil e não há atritos. Mas é conversando com quem a gente discorda que aprendemos coisas realmente relevantes.

A manhã de hoje foi assim, com uma amiga recém reaparecida e que pensa bem diferente de mim. Durante um interessante par de horas, discordamos de quase tudo; exceto que a conversa do outro é agradável.

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Um dos temas foi o corajoso dilema enfrentado por um amigo comum, no seu último período da faculdade.

Não só seu curso era muito difícil, numa das melhores universidades do Rio, mas ele também tinha/tem um altíssimo nível de exigência consigo mesmo.

Assim, quando ele quebrou a mão direita no momento decisivo, viu-se forçado a escolher entre abandonar o curso ou aprender a escrever com a mão esquerda e seguir adiante.

Sua tenacidade, porém, o fez ir adiante, terminar o curso com louvor e ainda servir de inspiração para minha amiga.

Minha visão neste episódio difere porque, para mim, desistir jamais teria sido uma opção. Quebrar a mão seria um acidente que me obrigaria a aprender a escrever com a outra mão. Jamais, no entanto, um momento de tomar uma decisão.

Não digo isso porque eu sou um modelo de resistência e meu amigo titubeie ante suas adversidades. Talvez seja mesmo o oposto, pois ele é um cara extremamente corajoso e eu às vezes vacilo em momentos decisivos.

Algumas opções não deveriam existir

Mas em determinadas ocasiões somos nós que dificultamos as escolhas, ao considerar opções que não estavam lá, ao inserir alternativas que não existiam – ou não precisariam existir.

Claro que isso também pode ter servido como um incentivo interno extra ao meu amigo, na medida em que sua decisão – imaginária ou não – pode ter representado uma motivação a mais, uma superação adicional.

Se assim foi, tanto melhor, acho. Mas aí qualquer pequeno contratempo poderia servir-lhe como um novo momento da verdade:

- Quebrou a ponta da minha lapiseira. Entrego a prova do jeito que está?
- Perdi minha calculadora. Paro por aqui ou persisto?

Não é assim. Você não precisa transformar obstáculos em dilemas. Vencer obstáculos já é uma sensação suficientemente gostosa. Esqueça a escolha.

Quando você começa a criar opções que não existem, passa a conviver mais frequentemente com a ideia do fracasso. E isso é desnecessário.

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Se você não consegue evitar as opções inexistentes, como faz quando elas são reais e imadiatas? Como resiste às tentações?

Um dos principais aliados de quem quer resistir a uma tentação é tirá-la da mesa. Se você faz dieta não deve entupir sua dispensa de chocolate e outras guloseimas, só para testar sua força de vontade. Afinal, sua força-de-vontade é limitada!

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